domingo, maio 08, 2005

estórias de paulo kellerman

noite após noite
dizes:
percebi, de um modo definitivo e categórico, que o nosso destino era inseparável e o nosso amor infinito quando começaste a contar-me os sonhos que ias tendo, noite após noite. escondi a minha surpresa e o meu esntusiasmo, nunca quis que soubesses; apenas agora te confesso: também eu sonhava os mesmos sonhos. noite após noite: separados pelo sono, pela distância dos corpos, pela infinidade do mundo mas partilhando exactamente os mesmos sonhos, pormenor a pormenor. como se fossemos almas gémeas, comunicando silenciosamente; ou melhor: como se fossemos parte de uma mesma alma, unica e secreta, só nossa.
sorrio, tentando parecer enternecido, ou até apaixonado. como nao sei o que dizer, acaricio-te. penso, disfarçando uma ponta de desespero: e agora, como conseguirei libertar-me de ti?

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