quarta-feira, julho 20, 2005

fazes-me falta

"tu és o único que não me pode esquecer. Esquecemos alguma vez uma parte do que somos? Esquecemos apenaso que podemos isolar na lembrança-e há muito tempo que tu já nem sequer te lembravas de mim. Se desviar os olhos do presente de ti encontro-me na ressaca da nossa amizade, comentando o meu arrivismo ou o meu mau gosto comalgum conhecido de passagem. Ou deixando comentar, o que fomos, a sós, os dois. Para apagar do céu as palavras más que tambem eu disse ou deixei dizer sobre ti. Tantas, tã pobres nos seus andrajos de cobardia.
Trago-te no riso enterrado, nas lágrimas que me lançaste, esacadas de incêndio para a sabedoria da felicidade, na pele escaldada pelo brilho da noite, depois do mar. Falámos demasiado para que eu recorde do que falámos, vivemos demasiadas vidas para que eu as possa separar. Para que eu me possa separar de ti. A memória tende a desfibrar-se, viscera velha, nesta condição a que chamarei apenas imaterial para não te assustar. Vejo tudo, continuamente, o espectáculo da vida interfere com ossentidos da minha deambulação ao passado. Mas o que é o passado?"

Sem comentários: